
Homenagem

No seu início, a Faculdade de Música do Espírito Santo foi criada com o nome de Instituto de Música do Espírito Santo – IMES, como um estabelecimento de ensino artístico. Em 1954, a Lei criada sofreu alteração, transformando o IMES em Escola de Música do Espírito Santo (Emes), uma instituição de ensino de natureza pública, passando então a funcionar regularmente em 23 de maio de 1954.
O tempo passou, e a Emes se consolidou como um importante centro acadêmico, passando a se denominar Faculdade de Música do Espírito Santo, com mais um curso de graduação: Licenciatura em Música –
Habilitação em Educação Musical.
Aos seus 70 anos, a Fames atende 300 alunos nos seus dois cursos de graduação; oferece cerca de 70 vagas, anualmente, para o Curso de Formação Musical; atende cerca de 80 alunos com mais de 60 anos, no projeto Música na Maturidade; conta com 60 vagas para crianças, no projeto Musicalização Infantil, além de possuir uma oferta anual de masterclasses, palestras, oficinas e eventos científicos, totalmente gratuitos e abertos à comunidade, além de outras ações.

O violoncelista Antonio Meneses não era um homem de muitas palavras. Não porque não as tivesse, mas porque, desde cedo, foi com a música que ele aprendeu a se relacionar – e a se comunicar – com o mundo.
Nascido em Pernambuco, mudou-se com a família, ainda na infância, para o Rio de Janeiro. O pai era músico, trompista, e cada um dos filhos recebeu um instrumento de cordas. Antonio e Eduardo ficaram com o violoncelo.
Antes de completar 18 anos, sem falar o idioma, mudou-se sozinho para a Alemanha, com o objetivo de continuar os estudos. O que vem depois está nos livros de história: venceu dois dos maiores concursos de música do mundo, o de Munique e o Tchaikovsky. E deu início a uma carreira de escopo internacional.
Os registros que fez ao longo de sua trajetória nos principais concertos para violoncelo garantiriam a ele lugar entre os grandes intérpretes de sua geração. Mas havia também a música de câmara. E nesse repertório, que assume a forma de um diálogo intimista, poucos foram grandes como ele.
Antonio integrou o Trio Beaux-Arts, ao lado do pianista Menahen Pressler e do violinista Daniel Hope. Gravou Schubert com Maria João Pires; Brahms com Gérard Vyss; Villa-Lobos com Claudio Cruz e Ricardo Castro; música francesa com Cristian Budu; música barroca com Rosana Lanzelotte.
Nesses encontros, a música renascia como diálogo, do intérprete consigo mesmo, mas também com parceiros com os quais ele ampliava a percepção a respeito daquilo que tocava. Sempre na busca pelo equilíbrio entre técnica e inspiração, ou do que chamava de arquitetura da emoção.
E assim ele conversou de forma intensa com o mundo. Palavras... Essas ficam para nós, pálidas na tentativa de definir uma personalidade que ajudou a dar forma, com seu talento e amor pelo violoncelo, ao meio musical brasileiro.
João Luiz Sampaio