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O recital propõe um olhar para as histórias e vidas com as quais cruzamos cotidianamente nas ruas. É no espaço público que se dá especialmente o encontro com o outro – e é desse espaço e de seus múltiplos significados que falam as obras interpretadas pelo Quarteto Bratya e a harpista Maíni Moreno.

Quarteto Bratya

Diego Adinolfi

Felipe Ribeiro

Jonathan Azevedo

Rodney Silveira

Harpa: Maíni Moreno

Quest

Niloufar Nourbakhsh [2’]

Harpa

 
D’un vieu jardin

Lili Boulanger [3’]

Harpa

 
L’Eternel rêveur

Marcel Tournier [3’]

Harpa

 
City of Transition

Joyce Tang [15’]

Quarteto de cordas

 
Poço de dentro

Thais Montanari [5’]

Inspirada em poema de Hilda Hilst

Quarteto de cordas e harpa

 
Skye

Freya Waley-Cohen [6’]

Harpa

 
Conte fantastique

André Caplet [17’]

Quarteto de cordas e harpa

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Quarteto de cordas e harpa

Ávidos de ter, caminham pelas ruas

Sexta-feira, 24 de novembro, às 20h

Casa de Música Sônia Cabral

R. São Gonçalo - Centro, Vitória - ES, Brasil

Ávidos de ter, caminham pelas ruas
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Ficha Técnica

“O olho da rua vê o que não vê o seu”. O verso do poeta Paulo Leminski nos diz que, nas ruas, o mundo real acontece, as diferenças se cruzam, o espaço é dividido com o outro. Mas também nos coloca uma pergunta: o quanto de fato estamos atentos, em meio ao cotidiano, àquilo e àqueles que estão à nossa volta? Não nos acostumamos a ignorar, anestesiados, as histórias e vidas com que cruzamos? O recital de hoje é composto por obras que sugerem justamente o exercício de dar um passo atrás e contemplar os espaços compartilhados em que vivemos.


A primeira parte da apresentação traz três obras para harpa solo. Quest é inspirada na jornada pessoal da compositora iraniana radicada nos Estados Unidos Niloufar Nourbakhsh (1992-), em seu desejo de se fazer ouvir perante a multidão e seu preconceito. Em D’un vieu jardin, a francesa Lili Boulanger (1893-1918) recria um jardim que, em meio à paisagem urbana, sugere a possibilidade de contemplação de memórias individuais e coletivas. E L’eternel rêveur, sonhador eterno, integra uma série de obras do francês Marcel Tournier (1879-1951) inspiradas na cidade de Paris.


Em seguida, vamos ouvir City of Transition, da compositora Joyce Tang. A peça é inspirada em textos nos quais o poeta Ya Si (1949-2013) descreve a cidade de Hong Kong. No primeiro movimento, a música apresenta os sons de um bonde solitário em uma noite escura; no segundo, a inspiração vem dos ruídos de feiras e comércios de rua; no terceiro, a imagem é a de um antigo prédio colonial sendo destruído; e o quarto e último movimento corresponde, nas palavras de Tang, a uma “sensação de instabilidade, no espaço e no tempo, de uma cidade em constante transição”.


Harpa e quarteto se encontram, então, pela primeira vez, no programa da noite de hoje, para interpretar Poço de Dentro, escrita por Thais Montanari (1986-) a convite do Festival. A peça nasceu da leitura de um fragmento de “Poemas aos Homens do Nosso Tempo”, da escritora brasileira Hilda Hilst: “Ávidos de ter, homens e mulheres caminham pelas ruas (...). Te pergunto: e a entranha? De ti mesma, de um poder que te foi dado, alguma coisa mais clara se fez? (...) Por que não tentas esse poço de dentro, o incomensurável, um passeio veemente pela vida?”


Para harpa solo, Skye é batizada com o nome da pequena ilha escocesa em que a compositora Freya Waley-Cohen (1989-) passou momentos de sua infância. Na obra, enquanto caminha pelas antigas ruas medievais próximas ao castelo de Dunvegan, ela faz uma viagem pela história, mas percorre também um caminho que a leva à sua própria memória e ao papel que aquela paisagem teve na formação de sua identidade.


O ambiente medieval nos leva, então, à peça final do programa, Conte fantastique, de André Caplet (1878-1925). Escrita para quarteto de cordas e harpa, a partitura é inspirada em um conto do escritor americano Edgar Allan Poe, “A Máscara da Morte Escarlate”. Símbolo da literatura gótica, o texto conta a história do Príncipe Próspero, que, buscando refúgio contra uma doença que assola as ruas da vila, reúne em seu castelo “um milhar de amigos fortes e de corações alegres, escolhidos entre os cavalheiros e damas da sua corte”. Mas a medida prova-se ineficaz, como nos relembra o tocar da meia-noite de um velho relógio de ébano, recriado pelo som da harpa.


João Luiz Sampaio, curador da edição 2023

Sobre o espetáculo

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Assista à transmissão

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