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Recital de violão

Montanhas que escalo

Sexta-feira, 29 de novembro, às 20h
Casa da Música Sônia Cabral

R. São Gonçalo - Centro, Vitória - ES, Brasil

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Sobre o espetáculo

Como encontrar uma voz única e pessoal ao escrever peças musicais que incorporavam os ensinamentos e técnicas vindos da Europa? Não houve apenas uma resposta a essa questão – cada compositor deu a ela uma cor e um sentido diferentes. E, assim, a busca por definir uma identidade própria foi um dos grandes temas da música latino-americana ao longo do século XX.


Reflexões sobre a relação entre periferia e centro, sobre os mecanismos de dominação cultural e o respeito ao folclore e tradições regionais colocaram-se como fundamentais. E ainda hoje o são. Mas incorporando novos aspectos, como a abertura para diferentes narrativas que quebrem discursos hegemônicos em favor de uma maior diversidade de experiências e realidades. É sobre essas questões que se articula o programa que ouviremos hoje.


Heitor Villa-Lobos foi o mais importante compositor brasileiro da primeira metade do século XX, tanto pelas proporções de sua obra quanto pelo modo como articulou, na prática, o conceito de uma música essencialmente brasileira, discutido por autores como Mário de Andrade.


Para Villa, essa música nasceria de um olhar para o folclore brasileiro em diálogo com a música europeia – seja a tradição associada a autores como Johann Sebastian Bach, seja as inovações propostas por Claude Debussy ou Igor Stravinsky na passagem do século XIX para o século XX.


Dele, vamos ouvir os dois primeiros do ciclo de cinco Prelúdios para violão. O instrumento está associado ao início da carreira do compositor, quando ele está atento à música dos chorões feita no Rio de Janeiro, que estabelecia uma música de caráter urbano no panorama da arte brasileira.


Os prelúdios, porém, unem essa influência à proposta de um nacionalismo atento à música regional. O nº 1, por exemplo, bebe na fonte do sertanejo, enquanto o de nº 2 evoca “modinhas”, canções típicas brasileiras do início do século, e o “lundu”, ritmo de dança africano.


Dos anos 1970, Ponteio e Tocatina, de Lina Pires de Campos, mostra como, décadas após o  início das reflexões sobre a música de caráter nacional, a ideia mantinha-se presente na cena artística brasileira. Sobre isso, ela disse certa vez, em uma provocação sobre uma possível identidade da criação brasileira: “Gosto da música do autor brasileiro, porque ele busca ser diferente, mas volta sempre a algo muito próprio, que está no seu sangue”.


O compositor e violonista João Luiz, radicado nos EUA, traz a questão da identidade ao século XXI com sua The Mountains I Climb. Estreada por Fabio Zanon, a peça percorre, de maneira muito pessoal, ao longo de seus três movimentos, a trajetória do próprio autor, um homem negro, brasileiro, em seu caminho por uma identidade própria na cena musical internacional.


No diálogo – ou oposição – entre o regional e o universal, a arte brasileira voltou seu olhar sempre à Europa, e pouco observou o que acontecia à sua volta, na América Latina, em países nos quais a arte também lidou com a questão de uma identidade própria e única. As demais peças deste programa procuram, portanto, abrir uma janela em direção a nossos vizinhos.


O uruguaio Eduardo Fabini evoca, em Triste nº 1, um ar nostálgico que observava na paisagem campestre de seu país. Ariel Ramírez se inspira, em sua Balada para Martín Fierro, no poema de José Hernández sobre o caráter do habitante dos pampas, “independente, heroico e marcado por sacrifícios” na defesa da cultura argentina. Conterrânea de Ramírez, a violonista Maria Luísa Anido também trabalhou em prol de uma música que celebrasse a história de seu país.


O programa segue viagem, então, pela Bolívia, com a recuperação da cultura indígena proposta por Eduardo Caba em Aire Índio nº 2; pela Venezuela, com Así Yo Te Soñe, uma reinvenção da valsa; pela Colômbia, com o quarto movimento da Suíte nº 2 de Gentil Montaña, batizado de Porro, uma dança típica que se aproxima da rumba cubana; pelo Haiti, com a Dança dos Hounsies, de Frantz Casséus, símbolo do olhar da cultura do país para a história e a religião africanas, inspirado pelo movimento criado pelo poeta Aimé Césaire; e pelo Paraguai, onde Agustín Barrios Mangoré nos fala, com sua Danza Paraguaia, da tradição guarani.


João Luiz Sampaio

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Montanhas que escalo

Assista à transmissão

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Ficha Técnica
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Heitor Villa-Lobos

Prelúdio nº 1
Prelúdio nº 2


Lina Pires de Campos

Ponteio e Tocatina


João Luiz

The Mountains I Climb
- Knowledge
- Fear
- Freedom


Eduardo Fabini

Triste nº 1


Ariel Ramirez

Balada para Martin Fierro (Aire Sueño)


Maria Luisa Anido

Aire Norteño


Eduardo Caba

Aire Índio nº 2


Rafael Miguel López

Así Yo te Soñe (Valse-Canción)


Gentil Montaña

Suíte Colombiana nº 2: Porro


Frantz Casséus

Dance of the Hounsies


Agustín Barrios Mangoré

Danza Paraguaya

FAÇA O DOWNLOAD DO LIBRETO

Fabio Zanon, violão

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Heitor Villa-Lobos

Prelúdio nº 1
Prelúdio nº 2


Lina Pires de Campos

Ponteio e Tocatina


João Luiz

The Mountains I Climb
- Knowledge
- Fear
- Freedom


Eduardo Fabini

Triste nº 1


Ariel Ramirez

Balada para Martin Fierro (Aire Sueño)


Maria Luisa Anido

Aire Norteño


Eduardo Caba

Aire Índio nº 2


Rafael Miguel López

Así Yo te Soñe (Valse-Canción)


Gentil Montaña

Suíte Colombiana nº 2: Porro


Frantz Casséus

Dance of the Hounsies


Agustín Barrios Mangoré

Danza Paraguaya

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Fabio Zanon, violão

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Montanhas que escalo
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Sobre o espetáculo

Como encontrar uma voz única e pessoal ao escrever peças musicais que incorporavam os ensinamentos e técnicas vindos da Europa? Não houve apenas uma resposta a essa questão – cada compositor deu a ela uma cor e um sentido diferentes. E, assim, a busca por definir uma identidade própria foi um dos grandes temas da música latino-americana ao longo do século XX.


Reflexões sobre a relação entre periferia e centro, sobre os mecanismos de dominação cultural e o respeito ao folclore e tradições regionais colocaram-se como fundamentais. E ainda hoje o são. Mas incorporando novos aspectos, como a abertura para diferentes narrativas que quebrem discursos hegemônicos em favor de uma maior diversidade de experiências e realidades. É sobre essas questões que se articula o programa que ouviremos hoje.


Heitor Villa-Lobos foi o mais importante compositor brasileiro da primeira metade do século XX, tanto pelas proporções de sua obra quanto pelo modo como articulou, na prática, o conceito de uma música essencialmente brasileira, discutido por autores como Mário de Andrade.


Para Villa, essa música nasceria de um olhar para o folclore brasileiro em diálogo com a música europeia – seja a tradição associada a autores como Johann Sebastian Bach, seja as inovações propostas por Claude Debussy ou Igor Stravinsky na passagem do século XIX para o século XX.


Dele, vamos ouvir os dois primeiros do ciclo de cinco Prelúdios para violão. O instrumento está associado ao início da carreira do compositor, quando ele está atento à música dos chorões feita no Rio de Janeiro, que estabelecia uma música de caráter urbano no panorama da arte brasileira.


Os prelúdios, porém, unem essa influência à proposta de um nacionalismo atento à música regional. O nº 1, por exemplo, bebe na fonte do sertanejo, enquanto o de nº 2 evoca “modinhas”, canções típicas brasileiras do início do século, e o “lundu”, ritmo de dança africano.


Dos anos 1970, Ponteio e Tocatina, de Lina Pires de Campos, mostra como, décadas após o  início das reflexões sobre a música de caráter nacional, a ideia mantinha-se presente na cena artística brasileira. Sobre isso, ela disse certa vez, em uma provocação sobre uma possível identidade da criação brasileira: “Gosto da música do autor brasileiro, porque ele busca ser diferente, mas volta sempre a algo muito próprio, que está no seu sangue”.


O compositor e violonista João Luiz, radicado nos EUA, traz a questão da identidade ao século XXI com sua The Mountains I Climb. Estreada por Fabio Zanon, a peça percorre, de maneira muito pessoal, ao longo de seus três movimentos, a trajetória do próprio autor, um homem negro, brasileiro, em seu caminho por uma identidade própria na cena musical internacional.


No diálogo – ou oposição – entre o regional e o universal, a arte brasileira voltou seu olhar sempre à Europa, e pouco observou o que acontecia à sua volta, na América Latina, em países nos quais a arte também lidou com a questão de uma identidade própria e única. As demais peças deste programa procuram, portanto, abrir uma janela em direção a nossos vizinhos.


O uruguaio Eduardo Fabini evoca, em Triste nº 1, um ar nostálgico que observava na paisagem campestre de seu país. Ariel Ramírez se inspira, em sua Balada para Martín Fierro, no poema de José Hernández sobre o caráter do habitante dos pampas, “independente, heroico e marcado por sacrifícios” na defesa da cultura argentina. Conterrânea de Ramírez, a violonista Maria Luísa Anido também trabalhou em prol de uma música que celebrasse a história de seu país.


O programa segue viagem, então, pela Bolívia, com a recuperação da cultura indígena proposta por Eduardo Caba em Aire Índio nº 2; pela Venezuela, com Así Yo Te Soñe, uma reinvenção da valsa; pela Colômbia, com o quarto movimento da Suíte nº 2 de Gentil Montaña, batizado de Porro, uma dança típica que se aproxima da rumba cubana; pelo Haiti, com a Dança dos Hounsies, de Frantz Casséus, símbolo do olhar da cultura do país para a história e a religião africanas, inspirado pelo movimento criado pelo poeta Aimé Césaire; e pelo Paraguai, onde Agustín Barrios Mangoré nos fala, com sua Danza Paraguaia, da tradição guarani.


João Luiz Sampaio

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